A mulher inteira constitui tabu
um enunciado do horror à diferença
DOI:
https://doi.org/10.59927/sig.v14i2.144Palavras-chave:
Psicanálise. Tabu. Feminilidade. Sexualidade. Diferença.Resumo
A partir da interrogação “Quem tem medo do desejo feminino e por quê?” e da quase-afirmação de Freud de que “a mulher inteira constitui tabu”, este artigo propõe uma revisão teórica de conceitos freudianos acerca da mulher, abordando a problemática ter/não ter falo, inveja do pênis, complexo de Édipo, a mulher como tabu, até chegar ao ponto de abertura fundamental em Análise terminável e interminável de Freud. Neste texto, interessa a teorização acerca do enigma da feminilidade como conceito que transcende a lógica fálica e a identidade “mulher”. Proponho pensar, a partir desse ponto, para além da mulher, em todos os corpos sobre os quais se projetam tabus diante da aparição da diferença, que retorna como uma ameaça e se desdobra em violência. A partir disso, o objetivo do artigo é provocar reflexões para uma psicanálise comprometida com seu tempo, situada na ética da singularidade do desejo e implicada numa posição política que contemple e respeite as diferenças.
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