Narrar, rememorar e elaborar:
o dever da memória
DOI:
https://doi.org/10.59927/sig.v13i1.94Palavras-chave:
História, Passado, Trauma, Memória, TestemunhoResumo
A memória se tornou objeto de estudo em diferentes campos do saber, impulsionado pelos cenários de excesso e exceção que marcaram o século XX. A narrativa construída sobre os eventos passados é um território de constante disputa, na medida em que exerce um poder sobre o que será ou não inscrito na memória individual e coletiva, o que deixará rastro. Esse trabalho visa refletir sobre como os tempos da história – passado, presente, futuro – se articulam e podem promover mudanças tanto na direção do que já se passou, quando na direção do que está por vir. Nesse sentido, o testemunho se apresenta como ferramenta fundamental para permitir que os sujeitos recuperem a palavra, possam elaborar seus traumas, assim como transmitir e produzir marcas de memória. Utilizo o filme Argentina, 1985 para pensar sobre as diferenças entre uma política de memória e justiça, em contraponto à política de esquecimento e impunidade imposta pela autoanistia, no cenário brasileiro.
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