A gramática do controle e a linguagem das infâncias
notas para o exercício da ética do cuidado
DOI:
https://doi.org/10.59927/sig.v14i2.180Palavras-chave:
Infâncias, Trauma, Ética do cuidado, Psicanálise e educaçãoResumo
O artigo propõe uma leitura psicanalítica e decolonial das violências simbólicas, afetivas e institucionais na escola, especialmente no início da escolarização. Parte de Sigmund Freud para entender o trauma como falha de simbolização, e de Sándor Ferenczi para formular a “confusão de linguagens” entre o discurso normativo do adulto e a linguagem corporal-afetiva da criança. Dialoga com Michel Foucault ao evidenciar o biopoder na pedagogia do controle e com Manfred Liebel ao afirmar as infâncias protagônicas como sujeitos de direitos, agência e participação. Com Silvia Bleichmar, mostra como o silenciamento institucional produz adaptação traumática e alimenta a medicalização precoce. Critica a centralidade de desempenho, metas e normalização, que converte sofrimento em “desvio”. Em resposta, propõe a ética do cuidado — escuta radical, vínculo e presença — como posição clínica e política capaz de sustentar o sofrimento sem apagá-lo e de transformar a escola em lugar de simbolização e reconhecimento.
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